Coautoria

Por: Tamara Moureth e Ludmila Clio


Arrumar papéis velhos é um risco.
Papéis velhos tornam-se velhos
porque o que neles está escrito já deixou de ser.
Hoje mesmo, li em um deles a nossa história,
escrita em poucas linhas,
mas com palavras tão intensas e profundas
que seriam capazes de perfurar aquele papel.
Quando comecei a passar meus olhos por elas, senti saudade.
Saudade daquele sentimento
que me fez parar meu mundo para prendê-las ali.
Saudade das dúvidas gostosas daquele tempo,
em que eu me perguntava se elas se tornariam felicidade concreta
ou não passariam de palavras sonhadoras, de um conto reticente...
o tempo passou, a esperança esmaeceu,
meu mundo voltou a girar e nossa história deixou de ser,
tornou-se letra fria,
não passou de poucas palavras solitárias, jogadas numa gaveta escura.
Não respiraram, não se transformaram em vida real,
mas em lembranças, em vontades,
em reticências que morreram em ponto final...
Será que algum dia teremos uma história para chamar de nossa?
Enquanto estivermos em mundos diferentes, não.
Preciso da coautoria do teu coração.
Sozinha, não posso chamar de “nossa” essa vontade que é só minha.

Comentários

Marcelo Figueiredo disse…
Olá Ludmila,amei teu blog e logo já fui degustando logo de cara "Coautoria - belo texto, suave e fluído bem ao seu estilo...mas quero ler com calma e refletir bastante sobre "Gente invejosa na área, silêncio" - pois numa relação bíblica com a uma prosa temática, sobre uma mazela da condição humana, há que se falar em autocrítica e até autoconhecimento, pois podemos nós ser tomados de assalto e sentir um desses 7 pecados capitais. E como bem disse um rei da antiguidade..."O rancor é cruel e a fúria é destruidora,
mas quem consegue suportar a inveja?
Provérbios 27:4 - Beijão !