Apenas um Lápis



O rapaz chegou para pendurar as cortinas.

Precisava de um lápis para marcar os pontos na parede, para fazer os furos. A moça prontamente trouxe o lápis. Ele o usou várias vezes, pôs no bolso da calça.

A moça o ajudava, enquanto ele estava pendurado na escada. Entregava a furadeira, pegava de volta. Passava a trena, pegava a trena. Passava a bucha, o parafuso.

Pronto. Todas as cortinas estavam no lugar, inclusive o quadro do Elvis, finalmente fora pendurado.

A moça estava feliz, as coisas estavam no lugar, tudo logo estaria harmonioso.

Se despediram. O moço foi embora. A moça começou a passar pano no chão, pra limpar a sujeira, tirar aquela parede em pó de sobre os móveis e cantos. O cheiro de limpeza já se sentia quando a moça deu um grito:

- Não acredito, não acredito!

Lembrara que o lápis havia ficado no bolso do rapaz, que foi embora com ele. Era apenas um lápis, sim, apenas um lápis. Mas aquele lápis era a única lembrança palpável daquele que ela ainda amava, mas fora embora. Um presentinho bobo, daqueles de extrema simplicidade, que carregam toda uma história de duas almas que se amam, mas não podem ficar juntas.


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