Janela Aberta


- Moço, me ajuda. Essa janela não para aberta, cai toda hora! E hoje tá calor demais!

- É, moça. Essas janelas que abrem de baixo pra cima são complicadas. Com o tempo, a pecinha fica frouxa e ela fecha. Mas um pedacinho de papel quebra o galho. Me arranja um, que eu amasso ele bem amassadinho e firmo ele aqui do lado, ó.

A moça abriu um caderno que estava sobre a mesa, passou os olhos rapidamente sobre a folha examinando-a e, sem pestanejar, rasgou a ponta do papel, de fora a fora.

O moço se interessou pelo que estava escrito. Era manuscrito e uma letra bonita, por sinal. Ele não se conteve e disse, com tom pesaroso:

- Ô moça... Que pecado. Você rasgou isso que é tão bonito, isso é poesia...

A moça deu de ombros e replicou sorrindo:

- Ah, isso era um rascunho!

O moço sorriu, aliviado:

- Bem vi que você é diferente. Você é a primeira pessoa que me dá poesia para manter a janela aberta.

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