Olhos Negros



Antes que as estrelas se diluam no céu negro
Antes que o desvario seja invadido pela pronúncia do dia
Vou beber todo o teu vinho
Vou me diluir nos teus olhos negros
Vou entorpecer o teu corpo sobre a nossa cama febril
Antes que as estrelas fechem teus negros olhos para sempre
Vou invadir teus ouvidos pronunciando gemidos
Vou te quebrar nos dentes feito uma bala de hortelã
Depois adormecer no teu cansaço, até morrer pela manhã

Fecho o livro e meus olhos negros
Ainda ouço teus gemidos se pronunciando em meus ouvidos
Oh, não! Estou adormecendo de cansaço,
Quebrada feito uma bala de hortelã
Entorpecida pelas estrelas diluídas no teu vinho

O voo não passava de queda livre
As asas que me deste jamais se abriram para o desvario
Então abro meus olhos negros e piedosamente sorrio
Camisa de força nunca me caiu tão bem.

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