Acabou de acontecer comigo. Li uma frase "boba" por aí, que caiu como um raio de esperança no meu coração. Foi um sintoma de vida. Agradeci à pessoa que a publicou. Agradeci não pela mensagem em si, mas pelo atestado de vida.
Há um tempo tenho refletido sobre estar disponível para receber uma palavra, feito terra fértil à espera da boa semente. Muitas vezes li coisas tão profundas que não passaram da superfície dos meus olhos, tampouco encontraram o caminho para o meu coração. É que já estive tão ferida, meio viva, meio morta, que só ler algo não bastava. Às vezes é assim, falta toque. Falta abraço. Mas nada como o tempo. Ele, em si, não cura, mas ensina. E à medida que ele passa, nos disponibiliza de volta à vida.
Hoje quando senti palavra por palavra percorrendo minhas veias até meu coração, sorri. Percebi que elas já não estão mais obstruídas pela dor das decepções e traições que vivi. E isso é libertador. Voltar a respirar com gosto, não mecanicamente. Voltar a arrepiar com entrelinhas, sentir o coração acelerando de novo nessa estrada fascinante dos sentidos. Porque pode ser sempre assim. Se infelizmente na vida a gente ama por erro, felizmente há o movimento do tempo que nos ensina a driblar a amargura e a ressignificar palavras antigas até que o amor, enfim, se torne um acerto.
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