Sempre Contrária


Tantas vezes eu quis me recolher a um lugar atrás do Sol para que ele não me revelasse à vida. Noutras, quis me desfalecer sobre nuvens carregadas para poder chorar sem sentir o quanto lágrimas esfriam lençóis e madrugadas.

Já fui tempestade em dia de Sol e também já fui nublada quando muitos ansiavam pelo meu calor. Sempre contrária, floresço para dentro. Minhas pétalas, viçosas, outras murchas, outras secas e tantas outras já perdi. Mas mesmo despetalada, em partes, aos pedaços, aguento o peso de um céu inteiro porque não sou de plástico, industrial, mas sou alma em carne viva. 

Floresço para dentro, atrás do Sol ou dentro dele. A vida não deixa de acontecer, eu ainda estou aqui.

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